1 de junho de 2025

Fortes apelos em uma década

Laudato Si' completa dez anos

A Carta Encíclica Laudato Si' – sobre o cuidado da casa comum, pérola do pontificado do Papa Francisco, completa dez anos e seus fortes, pertinentes, apelos continuam a reverberar em todo o mundo. Mas não são poucos os governantes que fazem "ouvidos de mercador" diante das advertências da Carta Encíclica, promulgada em 24 de maio de 2015.

Créditos: Imagem gerada por Inteligência Artificial / CHAT GPT.

Indicações que exigem uma compreensão mais lúcida capaz de inspirar conversão no horizonte do que se entende por ecologia integral. Promessas e acordos até são estabelecidos para preservar a casa comum, mas prevalecem os interesses por um lucro egoísta, e busca-se um equivocado caminho para se encontrar o bem-estar social.

A Carta Encíclica Laudato Si' continua, assim, muito atual, pois a sociedade precisa dialogar mais para encontrar formas de salvaguardar o planeta. Os debates não podem se restringir às cúpulas dos poderosos que não efetivam compromissos para enfrentar os desafios ambientais, delineando um futuro sombrio. 

A complexidade da crise ecológica atual

Reconheça-se que o movimento ecológico já percorreu um caminho rico e longo em todo o mundo, alcançando conquistas relacionadas à conscientização. Mas as vitórias são insuficientes para consolidar novos estilos de vida e de organização social mais condizentes com os parâmetros de sustentabilidade. Diante da urgência de mudanças, muitos permanecem desinteressados em rever seus próprios hábitos. Há ainda a recusa explícita de poderosos diante de proposições lúcidas e pertinentes, negando o desafio ecológico e promovendo a indiferença em relação à devastação ambiental.

Na solução dos problemas enfrentados pela humanidade, cegamente confiam apenas nas soluções técnicas. Por isso, o cuidado com o conjunto da Criação precisa se tornar, de modo crescente, uma atuação cidadã, envolvendo cada pessoa e todas as instituições. Sublinhe-se que cuidar do planeta é importante dimensão social que interpela também a prática da fé: os cristãos, certos de que o planeta é obra de seu Criador, Deus, devem cuidar da Criação.

Não se pode continuar minimizando a complexidade da crise ecológica atual, consideradas as suas dimensões éticas e espirituais, conforme alerta a Carta Encíclica Laudato Si'.  Percebe-se que há longo percurso educativo a ser trilhado. Mesmo assim, iniciativas que podem ajudar no percorrer deste itinerário, a exemplo da Campanha Junho Verde, compromisso governamental e legislativo brasileiro, encontram dificuldade para deslanchar.  

O Junho Verde, instituído a partir de contribuição da Igreja Católica, sob inspiração da Laudato Si', convoca a sociedade para a vivência de um processo educativo que permite vencer visões limitadas aos interesses de um lucro egoísta, com força para manipular decisões, aprovações e permissões, para beneficiar somente pequenos grupos, a partir da deterioração dos recursos naturais.

A falta de educação ambiental desenha no horizonte uma dívida social emoldurada por uma relevante dívida ecológica.  No lugar de avanços para o bem de todos, configuram-se privilégios oligárquicos. A insistência pertinente é buscar um novo estilo de vida que seja resposta adequada à crise climática e ecológica.

Laudato Si' permanece atual

A Carta Encíclica Laudato Si', no seu décimo ano, permanece atual, pois suas indicações são contraponto à indiferença e à ignorância que justificam as ações em nome do acúmulo egoísta de bens. Diante da urgência para mudar hábitos e garantir um desenvolvimento sustentável, há resistência até mesmo de alguns que professam a fé cristã, desconsiderando que Deus é criador de todas as coisas e que tudo precisa ser tratado com o devido respeito, pois é obra do Criador.


Sinal dessa desconsideração é a atitude de maravilhar-se diante das singularidades da obra de Deus e, ao mesmo tempo, não repudiar extrativismos predatórios do meio ambiente. A omissão diante da urgência de se preservar a natureza se desdobra em contínuas ameaças ao bem comum e no distanciamento de um desenvolvimento humano sustentável, integral. Por isso deve-se qualificar o olhar que interpreta a realidade, para enxergar seus reais problemas e desafios.

A força da ecologia integral

Abrir-se aos ensinamentos da Carta Encíclica pode levar a uma nova década mais proveitosa no que diz respeito à educação ambiental. Uma capacitação para que todos adotem nova lógica na regência da própria vida e das relações estabelecidas no planeta, a partir do paradigma da ecologia integral. Lógica com propriedades corretivas capazes de inspirar mais sustentabilidade e equilíbrio socioambiental. Sem o horizonte da ecologia integral, continuarão a ser alimentadas a desigualdade, as discriminações e exclusões.

A força educativa da ecologia integral impulsiona e ilumina o princípio da subordinação da propriedade privada ao destino universal dos bens, asseverando a função social de qualquer forma de propriedade privada. Ora, o rico e o pobre têm igual dignidade, pois todos são igualmente filhos de Deus. Assim, o meio ambiente é, afirma a Carta Encíclica, um bem coletivo, patrimônio de toda a humanidade, responsabilidade de todos.

Os apelos da Carta Encíclica Laudato Si' precisam continuar a ecoar, sempre mais fortes, de modo a possibilitar o tratamento da raiz humana que leva à crise ecológica. Importa avaliar e reconfigurar o agir da humanidade no planeta, à luz de reflexões emolduradas pelo paradigma da ecologia integral. Ao celebrar uma década da Carta Encíclica Laudato Si', renove-se o compromisso de acolher seus apelos, para que sejam alcançadas novas formas de desenvolvimento, em harmonia com o dever de se cuidar da casa comum.

Dom Walmor Oliveira de Azevedo
Arcebispo metropolitano de Belo Horizonte


Fonte: https://formacao.cancaonova.com/atualidade/fortes-apelos-em-uma-decada/

31 de maio de 2025

A visitação de Maria a Isabel e o Magnificat da Virgem Maria

Maria ensina amar o próximo com gestos de serviço

São Lucas evidencia que a Mãe do Senhor respondeu à saudação louvável de Santa Isabel com o cântico do Magnificat, uma verdadeira oração de ação de graças a Deus por Sua bondade e fidelidade, impressionante, sobretudo, por sua profundidade e elevação teológica. Nós aprendemos a louvar, a exemplo da Virgem Maria, quando rezamos com a palavra de Deus diariamente. Mas quando deixamos de rezar e de viver a Palavra de Deus, a nossa vida de oração entra em crise.

A experiência espiritual de Maria Santíssima é profunda. Num gesto de serviço, indo ao encontro de sua prima Isabel, Ela nos mostra, mediante sua experiência espiritual com o Anjo Gabriel, que a oração precisa levar à caridade, isto é, que, consequentemente, temos que amar o próximo com gestos de serviço. O seu testemunho nos assegura, desde o início do Evangelho, que a verdadeira oração leva a amar mais concretamente os outros. Amar concretamente o próximo é a característica de quem sabe rezar.

A Virgem Maria, com seu exemplo, nos ensina o que significa amar: significa ter a coragem de encarar o compromisso do serviço, como Ela que enfrentou uma difícil viagem de alguns dias, para servir a Sua prima que morava longe.

Com efeito, no seu cântico do Magnificat, a Virgem Maria louva a Deus pelos feitos em Sua vida, ao mesmo tempo em que reconhece a misericórdia d'Ele, que 'perdura de geração em geração', ressaltando a atitude 'daqueles que O temem'. Mas, de maneira particular, Ela agradece a Deus por Sua misericórdia oferecida a Israel, mediante o cumprimento das promessas feitas a Abraão, que estão se realizando através da Encarnação do Filho de Deus em Seu seio.

Imagem Ilustrativa

O cântico Magnificat

Neste sentido, o biblista Jean-Pierre Prévost (1988, p. 116) explicita que, por ser o Magnificat um cântico inserido na narrativa da Infância de Jesus, a sua riqueza está, sobretudo, no acontecimento que, segundo São Lucas, a Virgem Maria celebra: a concepção de Jesus, sendo esta a mais surpreendente e decisiva das grandes coisas que Deus fez pela salvação de Seu povo e de toda a humanidade. Vejamos então, as palavras deste Cântico inspirado da Virgem Maria e meditamos no que Ela disse:

Minha alma engrandece o Senhor, e meu espírito exulta em Deus, meu Salvador, porque olhou a humilhação de Sua serva. Sim! Doravante as gerações todas me chamarão de bem-aventurada, pois o Todo-poderoso fez grandes coisas em meu favor. Seu nome é santo e sua misericórdia perdura de geração em geração para aqueles que o temem. Agiu com a força de seu braço, dispersou os homens de coração orgulhoso. Depôs poderosos de seus tronos, e a humildes exaltou. Cumulou de bens a famintos e despediu ricos de mãos vazias. Socorreu Israel, Seu servo, lembrado de Sua misericórdia – conforme prometera a nossos pais – em favor de Abraão e de sua descendência, para sempre! (Lc 1, 46-55).

Observa-se que a Virgem Maria agradece a Deus, sobretudo pela Encarnação do Verbo em seu seio, contemplando em Sua vida a concretização dos anseios de seus antepassados. O evangelista São Lucas apresenta a Mãe do Senhor como uma pessoa instruída nas Escrituras e capaz de entender, através da fé, o plano divino da Salvação: uma fé já testemunhada por ocasião da Anunciação do Anjo e exaltada por Sua prima Santa Isabel.


No encontro com Isabel, acontece um grande milagre na vida da Virgem Maria. Ela recebe a graça de saber expressar o que Lhe aconteceu em Nazaré. A partir desse encontro, Maria se anima para rezar, numa alegria que se transforma em canto. Isso evidencia que, a partir das nossas sadias relações, manifesta-se, dentro de nós, o que sozinhos não conseguimos compreender e exprimir. E demonstra que a nossa oração tem necessidade da comunidade da Igreja e de relacionamentos marcados pelo amor divino.

Quando somos Igreja, a graça de Deus vem ao nosso encontro. Efetivamente, a Igreja não é somente uma instituição, é Cristo em cada um de nós. É dessa relação com a Igreja que podemos compreender melhor o mistério de Deus a nosso respeito como a Virgem Maria nos mostra, pois Ela compreendeu este Plano de Deus ao entoar o Magnificat. Portanto, a nossa oração precisa unir-se à vida sacramental que nos dá forças para caminhar e enfrentar os desafios da vida cotidiana.

O cântico de Maria nos assegura que Jesus continua a visitar cada um de nós com Sua Santíssima Mãe, como visitou Isabel, nos convencendo de que, pela oração de louvor, tornamo-nos cada vez mais livres e alegres para proclamar as maravilhas de Deus. A alegria cristã consiste em acreditar em Deus apesar dos sofrimentos da vida cotidiana, confiando que a Sua Palavra se cumprirá em nossa vida.

Orar com alegria

De fato, o misterioso fruto da oração é a alegria, é a luz divina, é a paz. Quem reza não é só portador da alegria, é alegria, não é só portador da luz, é luz, não é só portador da paz, é paz. Há realidades que não se declaram, mas que se veem. As pessoas veem quando portamos Deus: A Virgem Maria mostra esta realidade no Magnificat.

Em suma, com a Virgem Maria somos chamados a evangelizar, a tornar Jesus Cristo visível ao mundo, vivo e Ressuscitado em cada um de nós.

Referências

BÍBLIA. Português. Bíblia de Jerusalém. Tradução de Euclides Martins Balancin et al. São Paulo: Paulus, 2002. 2206 p.

PRÉVOST, J.-P. Magnificat. In: CAZELLES, H.; BOSSARD, A.; HOLSTEIN, H. (dir.) et al. Dicionário Mariano. Tradução de António Vieira. Porto, Portugal-Aparecida: Perpétuo Socorro-Santuário, 1988. p. 115-117.

Áurea Maria
Comunidade Canção Nova


Fonte: https://formacao.cancaonova.com/espiritualidade/devocao/a-visitacao-de-maria-a-isabel-e-o-magnificat-da-virgem-maria/

Comunicar a partir de um encontro pessoal

Mostra-nos o Pai

Jesus nos anuncia o amor do Pai a partir de sua própria vivência: "Vos dei a conhecer tudo quanto ouvi de meu Pai" (Jo 15,16). Ao mesmo tempo, muitas vezes, antes de começar sua missão, antes de escolher seus 12 apóstolos, durante ou após um evento importante, Ele se retira para rezar e comunicar-se com o Pai. Vez ou outra, leva junto seus amigos e a forma como Jesus fala com Deus Pai é tão pessoal e visivelmente toca todo o seu ser, que se irradia e contagia. Por isso os pedidos: "Ensina-nos a rezar" (Lc 11,1); "Mostra-nos o Pai" (Jo 14,8).

Crédito: bauhaus1000 / GettyImages

Então, Jesus lhes ensina a relacionar-se com Deus como Pai, a falar com ele como filho. "Quando orardes, dizei: Pai, santificado seja o vosso nome; venha o vosso Reino, seja feita a vossa vontade…" (Lc 11,2) Os comunicadores de Jesus são introduzidos assim no mais profundo mistério da vida do Filho de Deus, Seu amor ao Pai.

O segredo da força dos primeiros comunicadores de Jesus

Portanto, qual era o segredo da força que movia os primeiros comunicadores de Jesus? O que havia, em seus corações, para aceitarem ser enviados e irem adiante nas cidades, em meio a críticas e perseguições? Essa pergunta é feita também para os comunicadores atuais: Por que você "dá a cara aos tapas" e dedica seu tempo e seus talentos para comunicar a Igreja e na Igreja? Por que você se expõe a tantos haters, para anunciar as verdades de sua fé?


Perceba que, na Bíblia, a frase: "seus Apóstolos estavam com ele" (Lc 8,2) vem antes da descrição que eles foram enviados para anunciar a Boa Nova. Eles partiram corajosos em missão, dispostos a enfrentar perigos e situações adversas, porque "estavam" com Jesus, vivenciaram o Seu amor, escutaram Sua mensagem e falaram com Ele. "A primeira motivação para evangelizar é o amor que recebemos de Jesus, aquela experiência de sermos salvos por Ele, que nos impele a amá-Lo cada vez mais," escreve o Papa Francisco (EG,143). Sim, essa é a resposta também dos primeiros Apóstolos. João escreve: "Nós amamos, porque Deus nos amou primeiro" (I Jo 4,19), e Paulo confirma: "O amor de Cristo nos impulsiona" (cf. 2 Cor 5,14).

Os comunicadores no Cenáculo com Maria

O comunicador que busca Maria encontra Jesus e se insere em Seu amor ao Pai. É isso que aconteceu após a ressurreição e a ascensão de Jesus. Sentindo-se com medo e incapazes, os comunicadores se reúnem no Cenáculo, em oração com Maria. Então, ela prepara o coração de cada um para a ação esplendorosa do Espírito Santo, que confirma a participação de cada um deles no relacionamento de amor de Jesus com o Pai: "A prova de que sois fi­lhos é que Deus enviou aos vossos corações o Espírito de seu Filho, que clama: 'Aba, Pai!'" (Gal 4,5).

O efeito de sua mensagem não provém somente da técnica, mas é tanto mais eficaz quanto mais for uma irradiação de seu encontro pessoal com Jesus. Entregue-se a Maria e ela vai abrir seu coração para a atuação do Espírito Santo!

Como está seu encontro pessoal com Jesus? Como está sua participação nos sacramentos?

Aprofunde essa reflexão pela leitura do livro: "A vocação do comunicador católico", de Ir. M. Nilza P. da Silva

Ir. M. Nilza P. da Silva – Instituto Secular das Irmãs de Maria de Schoenstatt. Autora do livro 'A vocação do comunicador católico'


Fonte: https://formacao.cancaonova.com/espiritualidade/comunicar-partir-de-um-encontro-pessoal/

30 de maio de 2025

Como ser um evangelizador na internet?

Você já ouviu dizer que a internet é ruim ou que as redes sociais são tóxicas? Eu já! E pra falar a verdade, ouvi isso sobre a televisão e o cinema também. Essas frases se baseiam no quanto o mau uso desses meios pode, de fato, ser nocivo. No entanto, nenhuma mídia é ruim em si mesma. A questão é como elas são utilizadas. Desde a abertura da Igreja aos meios de comunicação com o Inter Mirifica escrito em 1966 até hoje, tem-se visto o quanto a mídia pode favorecer na propagação do Evangelho.

Créditos: Imagem Gerada por Inteligência Artificial / CHAT GPT

Na Carta Encíclica Redemptoris Missio João Paulo II escreveu: "O primeiro areópago dos tempos modernos é o mundo das comunicações, que está a unificar a humanidade, transformando-a — como se costuma dizer — na 'aldeia global'.

Os meios de comunicação social alcançaram tamanha importância que são para muitos o principal instrumento de informação e formação, de guia e inspiração dos comportamentos individuais, familiares e sociais. Principalmente as novas gerações crescem num mundo condicionado pelos mass-média […]" (RM. n. 37c).

O Papa, com certeza, já estava se referindo à internet e apontando que, nestes novos areópagos, a Igreja precisa estar presente. Ele também viu que a cultura atual transformou seus hábitos a partir dos meios de comunicação. As relações sociais, as compras, o trabalho ou o estudo, enfim, muito da nossa vida acontece pelas mediações de dispositivos e plataformas. Em resumo, nossa cultura é, em sua maioria, midiática ainda que muita gente não tenha acesso à internet. E, se boa parte do mundo está no ambiente digital, é para lá também que o Senhor nos envia. Disso, surge a pergunta:

Como usar da internet para evangelizar?

Algo básico é entender os meandros da internet, suas linguagens, estratégias e recursos e, ao mesmo tempo, compreender a fé cristã e estar firme nela, sem dispensar a ajuda do Espírito Santo que é criativo e vai a nossa frente. Tendo isso como ponto de partida, a nossa evangelização pode ser bem eficaz. Embora "haja espaços para todos", na web, as linguagens e narrativas são muitas e, como cristãos, precisamos ser astutos e prudentes a fim de que passemos o Evangelho de modo compreensível para as novas gerações, principalmente as que já nasceram no mundo digital.

Neste sentido, precisamos entender que, no discurso da internet, não cabe a imposição. É preciso encontrar o equilíbrio em passar a Verdade de Cristo, que é imutável, como uma proposta, a melhor proposta da nossa vida. Ao mesmo tempo, é preciso entender que palavras superficiais não convencem, deve haver o nosso testemunho que se manifesta na vida real. O mundo hoje precisa muito mais de testemunhos do que de palavras bonitas. Dito isso, queria ressaltar alguns elementos que podemos levar em conta na evangelização através da internet:

Compromisso com a Verdade:

Essa Verdade está em maiúsculo porque o evangelizador precisaria, antes de mais nada, se revestir de Cristo – que é a Verdade – e estar comprometido com Ele acima de tudo. Num ambiente em que se propagam fake news e meias verdades, o cristão também não deveria passar uma vida somente de alegrias. As pessoas sofrem e querem saber como lidar com isso. Por que não mostrar o valor e o sentido que há também nas experiências difíceis que se vive e as aprendizagens que fazemos com elas? As fotos ou vídeos que postamos podem estampar a verdade de quem encontrou, em Cristo, a alegria de viver.

Geração de Conteúdo:

Para quem tem algo a dizer, é imperativo entrar nesses novos ambientes onde as pessoas se encontram. Porém, precisamos oferecer mais do que uma transmissão de conteúdo, justamente porque existe uma nova cultura no ciberespaço que entende o mundo de maneira diferente da geração anterior. Sendo assim, os valores do Evangelho devem ser apresentados de um modo compreensível, mas não subtraído, minimizado ou relativo. Ao mesmo tempo, o nosso conteúdo precisa ser bem fundamentado. Se necessário, é preciso buscar ajuda para não se passar ideias vagas, insustentáveis e não se entrar no relativismo.

É importante tocar em temas comuns ao ser humano, começando sempre com os anseios da alma. Pensar bem no conteúdo que se quer passar e na melhor plataforma para isso é uma atitude importante. As postagens também devem ser regulares para manter o perfil ativo e de acordo com a linguagem de cada mídia a ser utilizada.

Interatividade:

Uma vez que, nas redes sociais, há uma proposta de debate e compartilhamento de ideias, é necessário estar aberto para acolher pontos de vista diferentes dos nossos, sem ódio ou ofensas, mas não nos deixando levar por valores que não dizem respeito ao cristianismo. Com este fundamento, um conteúdo pode sim ser construído com a ajuda de outros, já que na rede social tende também a reunir pessoas. As interações geram engajamento e proximidade. O evangelizador deve também ser humano, atencioso e pastor dos que vão até ele. É interessante ver os comentários, curtidas e compartilhamentos para entender como as pessoas têm acolhido e o que mais elas buscam do seu conteúdo.


Criação de vínculos:

Apesar de os vínculos de relacionamento nas redes sociais serem fluidos, a web pode gerar laços mais fortes entre os cristãos, ou entre esses e a própria Igreja e com a doutrina em si.

Mobilização de ações:

Gerando vínculos, a web poderá também criar discussões que produzam engajamentos e ações além do mundo virtual e que tragam mudanças individuais e sociais como, por exemplo, solidariedade com os que sofrem sejam na alma ou no corpo.

Convergência e compartilhamento:

A convergência de mídia não se trata apenas do caráter tecnológico, mas diz respeito também à maneira como as pessoas criam e compartilham histórias em várias plataformas e de diversos modos. Isso pode ser usado também na evangelização, por exemplo, para contar, em cada mídia, uma parte da história de salvação da humanidade, complementando com os relatos da salvação de Cristo na vida das pessoas. Esse conteúdo compartilhado várias vezes atualiza o sentido de Deus no mundo.

ELANE GOMES
Missionária da Comunidade Canção Nova


Fonte: https://formacao.cancaonova.com/atualidade/tecnologia/como-ser-um-evangelizador-na-internet/

Comunicadores católicos são enviados por Jesus

Jesus é o meio e a mensagem

O primeiro envio missionário acontece quando o Deus Pai envia seu Filho para nos redimir de nossos pecados: "De tal modo Deus amou o mundo, que lhe deu seu Filho único, para que todo o que nele crer não pereça, mas tenha a vida eterna" (Jo 3,16). Jesus é o comunicador, gerado no ventre de Maria, para anunciar o Pai. Ele é meio e mensagem, isto é, anuncia o Pai por meio de seu ser, suas palavras e ações.

Crédito: Denis-Art / GettyImages

Por sua vez, após um encontro pessoal com aqueles que escolhera, Jesus também envia seus 12 apóstolos e, em seguida, seus 72 discípulos para anunciarem o que dele ouviram e vivenciaram na sua presença: "Mandou-os, dois a dois, adiante de si, por todas as cidades e lugares para onde ele tinha de ir" (Lc 10,1).

O encontro com Deus amoroso

É assim que chega até nós as mensagens do Evangelho, como um convite para irmos nos encontrar pessoalmente com Jesus, vivenciar o amor do Pai e, a partir disso, nos tornarmos também comunicadores católicos. Que grande amor e confiança Jesus nos oferece, pois nos envia "adiante d'Ele", isto é, não somos o ponto central da comunicação, nada de foco em si mesmo, mas os que nos encontram precisam perceber que alguém muito maior do que nós quer se encontrar com cada um deles, o próprio Deus amoroso.


Se, naquele tempo, "todas as cidades" eram as localidades próximas a Jerusalém, hoje, quando evangelizamos pela internet, alcançamos todas as localidades do planeta. Mas o lugar mais importante é o coração das pessoas, pois é ali "o lugar que Jesus tem que ir".

Maria, modelo para todos os comunicadores

Maria é o modelo para todos os comunicadores e missionários digitais. Seu encontro com Isabel testemunha que sua comunicação, uma simples saudação, possibilitou a Isabel e ao filho em seu ventre um encontro com Deus e a graça da redenção os fez rejubilar de alegria.

Como são nossas publicações? Aqueles que a veem percebem que há Alguém maior do que nós que deseja encontrar-se com eles?

Aprofunde essa reflexão pela leitura do livro 'A vocação do comunicador católico', de Ir. M. Nilza P. da Silva.

Ir. M. Nilza P. da Silva – Instituto Secular das Irmãs de Maria de Schoenstatt. Autora do livro 'A vocação do comunicador católico'


Fonte: https://formacao.cancaonova.com/espiritualidade/comunicadores-catolicos-sao-enviados-por-jesus/

Família, torna-te quem és!

O Jubileu das Famílias nos convida a renovarmos a esperança 

A família, célula fundamental da sociedade, sempre esteve sob o olhar materno da Igreja. Recentemente, ao receber o Corpo Diplomático no Vaticano, o Papa Leão XIV reafirmou o ensinamento da Igreja, dizendo que a família é "fundada na união estável entre o homem e a mulher, uma 'sociedade muito pequena certamente, mas real e anterior a toda a sociedade civil'" (LEÃO XIII, Discurso aos membros do Corpo Diplomático acreditado junto à Santa Sé, 16 de maio de 2025).

Crédito: sedmak / GettyImages

A verdade dessas palavras tem por base a própria revelação bíblica, apresentada no livro de Gênesis, que trata sobre a origem da criação, e deixa claro o plano de Deus ao criar o homem e a mulher e lhes dar a missão de multiplicar (cf. Gn 1-3). Sem tal união, é impossível o crescimento e o futuro da humanidade. Sobre o homem e a mulher recai a responsabilidade de serem cocriadores, participantes da obra de Deus, mas não apenas isso: cabe também a formação dos filhos para assumir com dignidade seus papéis na sociedade. Nesse sentido, podemos afirmar que, quando a família não vai bem e se desestrutura, toda a humanidade sofre. É por isso que essa instituição é vista com bastante zelo pela Igreja.

A vocação matrimonial leva à santidade

Nos próximos dias, católicos do mundo inteiro viverão o Jubileu das Famílias, uma oportunidade de aprofundar ainda mais a missão e o sentido dessa vocação. O encontro será marcado por momentos de celebração, mas também de reflexão sobre famílias que conseguiram viver a perspectiva cristã e dar grandes frutos para a sociedade, como, por exemplo, a Família Martin, de onde nasceu Santa Teresinha do Menino Jesus, cujos pais também alcançaram os altares. Sem dúvida, com eles, cada pessoa pode perceber que a vocação matrimonial leva à santidade, se vivida com zelo e entrega de vida.

Nesse sentido, podemos dizer que, sem a perspectiva da fé, ser família se torna uma missão pesada, porque é a fé que dá sentido às renúncias e aos sacrifícios diários de todos. Somente em Cristo poderemos viver esses desafios, confiando que há neles um grande valor, com a esperança nos frutos que partem de tudo isso. É a fé que nos faz entender que a caridade verdadeira existe na entrega e que o amor que o Senhor nos manda ter não se restringe à dimensão do sentimento, mas o ultrapassa, alcançando as ações cotidianas.

A transmissão da fé na família

O Papa Bento XVI sempre destacou a importância da transmissão da fé na família, lugar primordial onde os filhos a recebem e aprendem através do testemunho, da oração e da prática cristã dos pais e avós. A transmissão da fé na família é um ato de amor e uma condição essencial para a vitalidade da Igreja. Bento XVI também ressaltava como os avós cumprem essa missão no seio familiar. O valor dos idosos será outro grande tema tratado neste Jubileu. Por fim, a celebração da Família no Ano Santo de 2025 lança um olhar sobre os desafios atuais das famílias e quer levá-las a assumir seu papel e protagonismo na sociedade.

A família não precisa se moldar ao mundo

Entender o que é ser família e qual a grandeza desse chamado é tarefa de todos nós. Cada um só pode assumir o que é, conhecendo sobre si mesmo. Família, torna-te quem és! Assuma o seu lugar na sociedade, seja protagonista de vida em comunidade, para mostrar ao mundo que é possível ter paz, mesmo unindo pessoas com formas diferentes de pensar. A família não precisa se moldar ao mundo. Ela pode, sim, dar ao mundo atual – marcado pela lógica do consumismo, do individualismo, da solidão, do hedonismo e da competitividade – a experiência de uma convivência harmoniosa.

Se quisermos mudar a sociedade, comecemos pelas pequenas atitudes em família. O próprio Cristo já nos havia pedido para sermos fiéis no pouco, a fim de que ele nos confie muito mais (cf. Mt. 25, 23).

Elane Gomes


Fonte: https://formacao.cancaonova.com/familia/familia-torna-te-quem-es/

25 de maio de 2025

Fixe sua alma em Deus

"Deixo-vos a paz; a minha paz vos dou. Não vos-la dou como o mundo a dá. Não permitais que vosso coração se preocupe, nem vos deixeis amedrontar" (João 14,27).

O grande perigo da agitação dos nossos dias está em perdermos nossa alma ou, em outras palavras, perdermos o sentido da nossa própria vida, perdermos o contato com o nosso centro, nosso verdadeiro chamado como pessoa, nossa essência, nossa missão, nossa tarefa neste mundo. Ao perdermos a nossa alma, tornamo-nos tão distraídos e preocupados com tudo o que está acontecendo em torno de nós que acabamos fragmentados, confusos e inseguros, sem sentido, sem reconhecermos, de fato, quem somos.

Deus quer que tenhamos uma vida de oração

Jesus é muito consciente deste perigo e nos ensina: "Tome cuidado para não ser enganado porque muitos virão em meu nome, dizendo: 'Eu sou o único e o tempo está próximo'" (Lucas 21,8). Somos chamados a seguir Jesus com fidelidade, sem nunca perdermos o contato com nossa essência. E isso é possível? Sim, por meio da oração.

Créditos: Imagem Gerada por Inteligência Artificial / CHAT GPT

Santa Teresa de Jesus afirma que: uma das maiores vitórias do demônio é convencer alguém de que não é preciso rezar, ou seja, quando o assunto é vida de oração, é preciso termos a consciência de que se trata de um luta espiritual e que, para vencermos, o único caminho é rezar com ou sem vontade. Se eu escolho deixar-me guiar apenas pelo meu querer, corro o risco de perder o contato com minha essência e passar por este mundo levada pela insegurança, sem saber quem sou, de onde vim e para onde vou. Fixar nossa alma em Deus é o meio para a vitória contra todo mal.


Oração

Senhor, eu quero voltar ao primeiro amor e experimentar de novo a Tua graça a me tocar. Nesta hora, acalma meu coração e liberta-me de toda agitação, toda ansiedade. Dá-me a Tua paz e leva-me de volta à minha essência, pois é somente em Ti que eu confio e espero. Amém!

Equipe de Formação da Canção Nova


Fonte: https://formacao.cancaonova.com/espiritualidade/cura-e-libertacao/fixe-sua-alma-em-deus/